Alfabetização

PARLENDAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

 

As parlendas são constituídas por pequeninos versos que rimam. E para formação de tal harmonia não há grande rigor na conexão entre as circunstâncias, ou seja, nem sempre há nexo entre os versos. Geralmente são recitadas em brincadeiras infantis, trazendo divertimento aos pequenos devido a sonoridade agradável que algumas consonâncias silábicas causam aos ouvidos, se tornando assim até fáceis de memorizá-las.

Para além da diversão que as harmonias trazidas nos versos das parlendas ocasionam, é importante frisar que estas se instituem em um gênero oral. Este gênero se encontra atuando no cotidiano, em meio à interação sociocultural e talvez por isso as crianças acabem por manter um maior contato com ele. Portanto, pode ser uma excelente ferramenta utilizada pelo professor que, se bem empregada, o auxiliará no processo de aprendizagem da escrita das crianças. Neste sentido,

A parlenda é um rico enunciado lúdico pedagógico que diverte, ensina, pela sua forma rítmica, sonora e motora, uma vez que desenvolve as condições linguísticas e sócio-culturais do homem. Este texto da tradição oral é utilizado, especialmente na fase infantil, como ferramenta de interação e divertimento. (BESERRA; RODRIGUES, 2010, p.67).

Deste modo, acredita-se que tanto as parlendas, bem como outros gêneros orais tenham seu papel significativo no exercício de aprendizagem da leitura e escrita. Mais precisamente, eles são ricos materiais para o trabalho pedagógico de alfabetizar: primeiro, por se tratar de um gênero bem conhecido das crianças e segundo, pela possibilidade do educando fazer uma associação da linguagem oral ao código escrito.

Dessa forma, é imprescindível a utilização dos gêneros orais na sala de alfabetização, pois esses gêneros, posteriormente, facilitarão à criança trabalhar de maneira articulada a comunicação em seminários, apresentações e saber expor seus pontos de vista em relação a determinado conteúdo. Além disso, os gêneros orais estão sempre interligados aos gêneros escritos, por isso, no momento de aprendizagem, não existe o trabalho de um único gênero, mas dos dois, partindo-se do gênero oral para as práticas escritas (gênero escrito). (FERREIRA; RAMOS, 2010, p.58).

Paralelo a isto, também se faz necessário salientar que ao docente cabe o papel de apresentar os mais variados gêneros textuais, pois é sabido que o somente alfabetizar não garante que um indivíduo esteja munido da capacidade de compreensão significativa do que está sendo lido.

Portanto, além do conhecimento sobre as letras, o professor precisa ensinar a seus alunos, ao mesmo tempo, a linguagem que se usa para escrever os diferentes gêneros. E a forma de ensinar isso é trazendo para dentro da sala de aula a diversidade textual que existe fora. É lendo para eles – em situações onde essa leitura faça sentido – os mais variados textos. Principalmente para os alunos de escolas rurais que, com freqüência, não têm quase nenhum contato com textos e leitores. São exatamente essas crianças que mais dependem da escola para ter acesso ao conhecimento letrado e é com relação a elas que é maior a responsabilidade do professor. (BRASIL, 2000, p.9).

Então, diante dessa enorme responsabilidade de alfabetizar que tem o docente, este deve ter incutido na mente dois princípios básicos: o texto deve ser unidade de ensino, como defende os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN e alfabetização deve ser na perspectiva do letramento.

 

REFERÊNCIAS:

BESERRA, Carla Rhaissa G.; RODRIGUES, Josiane P. Gêneros orais na sala de alfabetização: Parlendas.Educação e Docência, São José do rio Preto, V.1, n. 1, p. 63 – 73, jan/jun de 2010.

BRASIL, Ministério da Educação. Alfabetização: Livro do professor. Brasília: FUNDESCOLA/SEF-MEC, 2000. 176 p.

FERREIRA Betânia A.. ; RAMOS Fernanda M.. O papel do trava-língua, enquanto gênero oral, na sala de alfabetização. Educação e Docência, São José do rio Preto, V.1, n. 1, p. 53 – 61, jan/jun de 2010.
 
*Data original da publicação: 18 de maio de 2013

 

Ano: 
2013