Ludicidade

Ludicidade na Educação Infantil

 

Educação Lúdica é um tema que tem conquistado espaço no cenário educacional brasileiro, principalmente na Educação Infantil. Isto é constatado pelo número crescente de pesquisas que apresentam a importância da ludicidade nos processos pedagógicos.

Narrando um pouco da história, o lúdico tem origem da palavra “ludus”, que significa jogo (ALMEIDA, 2003). Porém, na Educação Infantil, o lúdico não pode ser considerado apenas como um simples jogo ou uma simples brincadeira.

Atividades lúdicas apresentam um enorme benefício na escola. O aprendizado assimilado ao brinquedo ou ao jogo possibilita o desenvolvimento cognitivo, além de explicar as relações do ser humano em seu contexto histórico-sócio-cultural e psicológico, tornando a prática pedagógica do educador mais dinâmica, significativa e prazerosa.

Sendo no âmbito educacional, a importância da ludicidade nas propostas pedagógicas está explicito nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, comprovando que as instituições devem respeitar o direito da criança às brincadeiras, à exploração dos espaços, à liberdade, à expressão de significados pelos movimentos, à interação, pensamento e comunicação. Porém, apesar dos direitos da criança a brincadeiras e jogos explicitados nas leis, percebe-se que em muitas instituições de Educação Infantil, esses direitos são negligenciados. Assim, no processo de ensino e aprendizagem as crianças são tratadas como adulto, e as propostas pedagógicas que são tradicionais acontecem de forma “robótica e bancária”.

Segundo Kishimoto (2001), alguns professores associam o ato lúdico a atividades de educação física, ao descanso, a as atividades em horário de recreio no pátio ou no parque. Por outro lado, existem escolas que possuem materiais lúdicos e os professores não utilizam por não saberem usar ou por não terem interesse. Outros professores utilizam a atividade de leitura como única proposta lúdica. Mesmo assim, as leituras são descontextualizadas de propostas criadas pelas crianças, e os livros sempre encontram-se em armários fechados, em estantes altas inacessíveis para as crianças.

Nesse contexto, é necessário uma reflexão sobre a dinâmica que ocorre nas escolas infantis, pois em diversas creches e pré-escolas há um cunho mais assistencialista, ligado ao ato de cuidar e educar propedêutico, descartando as atividades em relação ao desenvolvimento, criatividade, imaginação, expressão, entre outras. Isso mostra que é preciso uma recuperação da palavra “escola”, tornando-se um local satisfatório e alegre com educadores mais preparados e dispostos a prática lúdica.

A criança desde o seu nascimento vai passando por fases na construção do seu conhecimento, aprendendo pelo corpo, e é através dele que se relaciona com o meio que o rodeia. Portanto, a criança precisa do brinquedo e do jogo como forma de equilibração com o mundo.

Segundo Wallon (apud GALVÃO, 1995), é pelo corpo e pela sua projeção motora que a criança estabelece a primeira comunicação (diálogo tônico) com o meio, apoio fundamental do desenvolvimento da linguagem. Ao alterar sua colocação postural conforme lida com objetos, variando as superfícies de contato com eles, a criança trabalha diversos segmentos corporais com contrações musculares de diferentes intensidades. Nesse esforço, as brincadeiras lúdicas são importantes nas escolas, pois proporcionam às crianças, além de uma aprendizagem prazerosa, também um desenvolvimento pisicomotor fundamental para sua formação.

Sendo assim, o educador precisa estar atento às posturas corporais, gestos, movimentos dos alunos, pois o pensamento da criança é muito sustentado pelo movimento. A criança não precisa estar imóvel para desenvolver sua aprendizagem.
Em suma, diversas são as possibilidades para se avaliar, discutir ou propor padrões de qualidade na Educação Infantil. Entretanto, há uma necessidade de refletir sobre a importância e o benefício da prática lúdica no processo de ensino e aprendizagem. É notável que as crianças já possuem direitos no âmbito das legislações brasileiras em relação a ludicidade. Cabe aos educadores uma postura adequada ao contexto das crianças, tornando a aprendizagem significativa, através de jogos e brincadeiras pedagógicas para contribuir no desenvolvimento integral de cada criança.

 

 

Referências:

ALMEIDA, Paulo Nunes. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
BRASIL, Governo. Estatuto da criança e do adolescente. Lei federal n. 8.069 de 13 de julho 1990.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO-MEC. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996, Lei de diretrizes e bases da educação. Brasília DF: MEC, 1996.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para Educação Infantil, 1998. Brasília DF: MEC, 1998.
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1995.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Editora Pioneira, 2003.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas infantis. Revista Educação e Pesquisa. Vol. 27 no.2. São Paulo, Jul/Dec. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022001000200003>. Acesso em 23 mar. 2012.

Crédito da imagem:
http://johnkenny12.blogspot.com

*Data original da publicação: 30 de março de 2012

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Ano: 
2012