Para além do Ensino de Ciências: alfabetização científica

Para além do Ensino de Ciências: alfabetização científica

 

   Por: Andreisa Cardoso

          O processo de ensino-aprendizagem no ensino de ciências por muito tempo limitou-se a uma prática mecânica de reprodução. Mas hoje, o que é exigido em nosso paradigma é um ensino que possa suprir as demandas sociais na formação de sujeitos capazes de discernir, tomar decisões, opinar e resolver situações com autonomia.

     

Aqui a autonomia é discutida no sentido de que ela seja construída no momento em que acontece a mediação dos conhecimentos e a formação de novos saberes na ação do professor, quando realiza seu papel de facilitador. Freire (1996) destaca ser necessário o despertar da curiosidade epistemológica, o desejo de procura e a capacidade de aventura-se. Só assim o aluno poderá desenvolver a segurança imprescindível ao arriscar-se a aprender. Para o exercício desta prática emancipadora no ensino de ciências, precisamos compreender o quão relevante é que os professores alfabetizem seus alunos cientificamente.

           A alfabetização científica é o processo pelo qual os sujeitos podem compreender os fenômenos naturais que os rodeiam, realizando a leitura de suas realidades. A criticidade é desenvolvida de modo ser possível ao individuo entender com autonomia os processos que lhes contornam. Para que isto ocorra, a intervenção docente acontecerá durante todo o percurso, no sentido de conduzir o seu desenvolvimento até que sejam alcançados os objetivos. São, então, etapas do processo: o início da investigação por meio da problematização do tema, a produção hipóteses pelos alunos, a sua testagem e, finalmente, a produção de conclusões pelo coletivo.

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    A ciência é hoje o centro de produção de verdades, ainda que temporárias, com o objetivo de promoção da qualidade de vida dos seres humanos. A alfabetização científica, portanto, objetiva, em primeira ordem, instrumentalizar o aluno cidadão com a capacidade de perceber e compreender o porquê e como acontecem os feitos da ciência e suas implicações para a vida de cada um de nós.

       O ensino de ciências por investigação e experimentação tem sido cada vez mais destacado como recurso metodológico didaticamente referenciado. Através dele, é possível oferecer ao aluno uma oportunidade de experiência objetiva e subjetiva com o saber: objetiva em seu caráter experimental e subjetiva em seu caráter experiencial.

 A Conferência Mundial sobre a Ciência para o Século XXI (Budapeste, 1999) determinou que o ensino de ciências e de tecnologias deve ser alçado à condição de uma das necessidades básicas da população de todos os países do mundo. .O almejado é uma população que possa resolver problemas concretos, mas para isto é preciso também que a educação científica aconteça de maneira experimental e experiencial para que seja garantida a unidade em meio a diversidade cultural dos povos em nosso planeta.

          Assim como a alfabetização cientifica, a alfabetização matemática, a alfabetização da língua escrita e a alfabetização cartográfica devem ser desenvolvidas de modo que aconteçam a partir do interesse do educando e através do sentido atribuído por ele a cada uma das esferas envolvidas nesses diferentes atos de currículo. Logo, quando um aluno utiliza de leitura para resolver situações problemas do seu dia como localizar-se em seu território e, então, discriminar as diferentes situações climáticas, ele compreende o caráter transdisciplinar daquilo que lhe é ensino na escola.

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REFERÊNCIAS:

CACHAPUZ, A. et al (org). Importância da educação científica na sociedade atual in: A necessária renovação do Ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 2005.
CHASSOT,A. Alfabetização científica e cidadania in: Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 4.ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2006.
FREIRE,P. Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra, 1996.
ZANON,V.A.D. A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental: ações que favorecem a sua aprendizagem. in: Ciências&Cognição; vol.10:93-103. Março,2007.

 

*Data original da publicação: 10 de outubro de 2014

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano: 
2014