Sistema Monetário para educandos com Deficiência Intelectual

Sistema Monetário para educandos com Deficiência Intelectual

 

 Por: Elisângela Aparecida Carvalho Cardoso

Programa de Educação Tutorial-PET

Licenciatura em Pedagogia – UFBA

Relato de experência realizado:

Centro de Educação Especial da Bahia – CEEB

Serie: EJA- Tempo Formativo – Eixo III. Vespertino. Período: março a dezembro de 2014.  Componente Curricular: Matemática. 

Professora: Patrícia Diniz Gonçalves Silva

INTRODUÇÃO

Diante das dificuldades apresentadas pelos alunos com Deficiência Intelectual da EJA-Educação de Jovens e Adultos em realizar pequenas operações simples, fez-se necessário promover um projeto que pudesse abordar de forma lúdica resoluções de problemas do cotidiano.

A aprendizagem que estamos propondo com o projeto Sistema Monetário é aquela que faz sentido para os alunos com Deficiência Intelectual não só em possibilitar as relações com o que já foi aprendido anteriormente, mas por abrir possibilidades para novas descobertas, sempre de forma integrada e dinâmica.

O aluno com Deficiência Intelectual tem uma maneira própria de lidar com o saber, que não corresponde com os métodos tradicionais de algumas escolas. De acordo com Brasil (1999, p. 01), alunos com deficiência precisam “de meios ou recursos especiais […] para o desempenho de função ou atividade a ser exercida”.

Segundo os PCN é importante que:

(…) as situações de aprendizagem precisam estar centradas na construção de significados, na elaboração de estratégias e na resolução de problemas, em que o aluno desenvolve processos importantes como intuição, analogia, indução e dedução, e não atividades voltadas para a memorização, desprovidas de compreensão ou de um trabalho que privilegie uma formalização precoce dos conceitos. (BRASIL, 1998, p.63).

Todo aluno com Deficiência Intelectual ou não precisa aprender a conviver em grupo ou sentir-se parte desse grupo e para que isso aconteça é necessário que lhe seja oferecido experiências que o faça descobrir o mundo ao seu redor. É através da socialização com o outro que a criança irá aprender e encontrará um significado e propósito na aprendizagem. Nesse sentido, atividades lúdicas são fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia, pois é através da ludicidade que os sujeitos podem desenvolver algumas capacidades importantes como a atenção, à memória e a imaginação.

Levando em conta a função das atividades práticas para resolução de problemas do cotidiano de acordo com os PCN:

[…] folhetos de propaganda, cartazes, modelos, jogos e brinquedos. Aliás, materiais de uso social e não apenas escolares são ótimos recursos de trabalho, pois os alunos aprendem sobre algo que tem função social real e se mantêm atualizados sobre o que acontece no mundo, estabelecendo o vínculo necessário entre o que é aprendido na escola e o conhecimento extraescolar. (BRASIL, 1998, p. 96).

TEMA:

Sistema Monetário

Conteúdos explorados na 3ª unidade: reconhecer, apoiado em imagens, características e valores de cédulas e moedas, identificar o valor convencional de cédulas e moedas em situações de comparação e equivalência, incorporar vocabulário referente ao sistema monetário e operar e resolver situação-problema utilizando cédulas e moedas e realização de operações simples: adição, subtração, multiplicação, divisão e noções de fração.

História: História da moeda brasileira.

Artes: Confecção do próprio dinheiro.

Conteúdos explorados na 4ª unidade: Figuras geométricas e noções de fração e leitura e escrita de fração por extenso.

Artes: Confecção das pizzas artesanais.

Objetivo Geral: proporcionar aos alunos experiências que permitam ampliar sua compreensão do conteúdo estudado, auxiliando-o no desenvolvimento do raciocínio lógico matemático e contribuindo para resoluções de problemas do cotidiano. Valorizar a Matemática como instrumento para interpretar informações sobre o mundo reconhecendo sua importância em nossa realidade social, política, cultural e econômica.

Objetivos Específicos:

  • Reconhecer o sistema monetário a partir da prática.

  • Utilizar habitualmente procedimentos de cálculo mental e cálculo escrito (técnicas operatória) selecionando as formas mais adequadas para realizar o cálculo em função do contexto socioeconômico cultural dos números e das operações envolvidas.

  • Utilizar o sistema monetário vigente no país para fazer trocas, comparar valores e resolver problemas.

  • Desenvolver o cálculo mental envolvendo real e centavos.

Material: tesoura, piloto, papel metro, papelão, cédulas antigas, cédulas atuais, papel oficio nas cores das cédulas: amarelo, azul, rosa e bege.

Sequência Didática referente à 3ª unidade:

 1º – Aula explicativa e participativa sobre escambo e o surgimento do dinheiro. Intervenção: os alunos vão receber seis gravuras com imagens de cereais, sal e carnes. Cada aluno vai ficar com um único tipo gravura. Os alunos vão trocar as gravuras até cada aluno ficar com uma gravura de cada.

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2º – Confeccionar o próprio dinheiro. Intervenção: os alunos vão confeccionar o próprio dinheiro, porém de forma aleatória.

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4º – Confeccionar cédulas. Intervenção: os alunos vão confeccionar as próprias cédulas com folhas de papel ofício nas cores padrões do real. Cada aluno vai receber uma folha de cada cor, depois vão dividir em quatro partes iguais cada folha e por ultimo registrar nas folhas os valores referentes ao dinheiro vigente no Brasil.

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5º- Comparar preço de produtos. Intervenção: cada aluno vai receber encartes de diversos supermercados para comparar os valores.

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6º – Os alunos realizarão pequenos cálculos de cabeça utilizando os produtos dos encartes dos supermercados. Intervenção: os alunos recortarão imagens dos produtos com seus respectivos valores, depois colarão nas folhas de papel ofício para realizarem pequenos cálculos.

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7º – Aprendendo a poupar. Intervenção: os alunos estão depositando dinheiro em um cofre feito com caixa de papelão. O dinheiro arrecado é para a confraternização entre os alunos da EJA do vespertino.

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8º – Eleição dos administradores do cofre. Intervenção: os alunos da EJA- vespertino elegeram dois administradores para o cofre, ou seja, os administradores vão registrar em caderneta os valores que cada aluno vai depositar e ao final do ano letivo cada aluno vai receber o valor depositado durante todo período para gastar na confraternização.

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9º – Os alunos vão realizar compra e venda dentro da sala de aula. Intervenção: os alunos vão receber folhas de papel ofício e encartes dos supermercados para cortar e colar os produtos que desejarem e depois vão registrar os cálculos.

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Sequência Didática referente à 4ª unidade:

1º – Preparação de uma pizza. Intervenção: os alunos vão participar de uma oficina interdisciplinar que será realizada na padaria da escola para prepararem pizza para a merenda.

2º – Confecção de pizza em sala de aula com papelão. Intervenção: os alunos vão receber rodelas de papelão em formato de pizza para confeccionarem pizzas artesanais.

3º – Exposição das pizzas artesanais. Intervenção: os alunos vão expor para toda escola as pizzas que foram confeccionadas em sala de aula.

4º – Abertura do cofre. Intervenção: primeiro momento, os alunos vão abrir o cofre e cada aluno vai receber a quantia que depositou. Segundo momento, os alunos vão ao supermercado para fazerem compras para a o dia da confraternização.

Avaliação: os alunos serão avaliados processualmente através do desempenho, interesse e participação nas aulas.

Metodologia: o projeto Sistema Monetário tem como estratégia de ensino aulas explicativas/participativas valorizando o conhecimento prévio dos alunos, partindo da realidade. Cada aluno vai confeccionar o próprio dinheiro com a orientação e ajuda da professora. Após a confecção, os alunos vão poder comparar preços, comprar e vender em sala de aula.

Duração: as atividades acontecerão duas vezes por semana com duração de 1 hora e meia, com aulas explicativas e participativas. Durante a 3ª e 4ª unidade.

CULMINÂNCIA: Os alunos vão visitar um supermercado.

 

REFERÊNCIAS:

AOKI, Virginia. EJA-Educação de Jovens e Adultos: anos iniciais do ensino fundamental. Moderna; São Paulo, 2013.

BRASIL. Decreto Nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.  Brasília, 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm>. Acesso em: 31  ago 2014.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática Ensino Fundamental I – Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. – 3. ed. – Brasília: A Secretaria, 1998.

LIMA, Maria Aparecida Barroso de. Registrando Descobertas: matemática nos novos tempos. FTD; São Paulo, 2003.

 

*Data original da publicação: 10 de outubro de 2014

 

 

 

Ano: 
2014