Trabalhando a escrita através do nome próprio na Educação Infantil

 

Por: Ana Paula de Jesus Capistrano                                                                                        

        Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal da Bahia                                                  

        Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET

     

 

Trabalhando a escrita através do nome próprio na Educação Infantil

 

    Logo cedo em sua vida, a criança é exposta ao sistema de escrita seja por meio de livros, embalagens, TV, outdoor, entre outros. Impossível negar a importância do mundo da escrita na sociedade em que hoje vivemos.

      Observemos que, segundo o Artigo 3º da Resolução N°5, de 17 de Dezembro de 2009:

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (BRASIL, 2009, p.01).

      Assim, quando a criança chega à escola o contato com a escrita (prática social que faz parte do patrimônio cultural) deverá acontecer de forma mais sistematizada levando em consideração as experiências anteriores da criança. Não estamos aqui, todavia, propondo que seja a aquisição da língua escrita um conteúdo obrigatório da Educação Infantil.

      “A escrita deve entrar na vida da criança de uma forma que elas gostem e tenham interesse pela mesma”, ou seja, a professora deve buscar meios para que o processo de aprendizagem da escrita faça sentido e seja prazeroso para os pequenos. (CRUVINEL, 2013. p.3).

     Uma das muitas maneiras de apresentar o sistema de escrita para os alunos da Educação Infantil é através do nome próprio, pois “o nome traz mais do que uma grafia específica, ele traz também uma história, um significado” (BRASIL, 1998. p.38).

      Partindo de nomes próprios, a professora poderá trabalhar para além de conteúdos das letras, todos os eixos do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, a saber:

org_infantil

Experiência em sala de aula

      Em uma turma de Educação Infantil, Grupo 5 de uma escola municipal na cidade de Salvador,  foi realizada uma sequência didática que trabalhou nomes próprios de forma lúdica, ajudando os alunos a reconhecer e escrever seus nomes. A turma tem um total de 15 alunos, e neste dia compareceram 10.

Conteúdos trabalhados: Nomes próprios, Gênero, Matemática e Reconhecimento das letras.

      Para dar início às atividades, li junto com os alunos o verso intitulado Meu nome de Djenane Alves (2012). A partir da leitura do verso, abri um bate-papo com os alunos sobre a importância do nome e sobre a individualidade que cada pessoa possui, mesmo tendo nomes iguais.

100_3456

Foto: Ana Paula Capistrano

      Após o bate-papo, coloquei os alunos sentados em roda e no centro da roda espalhei fichas que continham os nomes de todos os alunos da turma. Assim, pedi para que cada um levantasse e pegasse a ficha que continha seu nome. Feito isso contamos quantos alunos vieram e com as fichas que sobraram, quantos alunos faltaram. Na sequência pedi para que as meninas colocassem suas fichas de um lado e os meninos do outro. Depois, contamos quantos meninos e meninas tinham vindo para aula.

100_3458

Foto: Ana Paula Capistrano

      No terceiro momento, fiz um circulo com dez cadeiras (quantidade de alunos presentes) e em cima de cada cadeira coloquei uma ficha com o nome de um aluno. Coloquei uma música para tocar, e o objetivo era que os alunos rodassem em volta das cadeiras e quando a música parasse de tocar, cada um deveria procurar a cadeira que continha seu nome para sentar.

100_3460

Foto: Ana Paula Capistrano

      No quarto momento entreguei a cada aluno um quebra-cabeça com o seu nome para ser montado.

11741783_872310452848994_1137600051_n

Foto: Ana Paula Capistrano

      Para concluir as atividades, convidei cada um para escrever seu nome no cartaz com o verso: Meu nome.

100_3465

Foto: Ana Paula Capistrano

      Durante a realização das atividades, os alunos interagiram demonstrando interesse pelas mesmas.  Alguns apresentaram dificuldades na hora de identificar seu nome em meio aos outros. Quando isso acontecia, eu ajudava fazendo perguntas como: Com que letra começa seu nome? Qual é a segunda letra do seu nome?  Até o aluno conseguir identificar. Alguns conseguiram identificar seus nomes e até de outros colegas.

      No momento da montagem do quebra-cabeça um aluno montou seu nome de forma contrária. Ao perceber isso, expliquei a ele que na hora da escrita escrevemos da esquerda para a direita. E propus a ele montar o quebra-cabeça desta forma.

      Com a realização dessa atividade, eu pude perceber que os alunos demonstram mais interesse em atividades lúdicas envolvendo seus nomes. Por isso a importância de se planejar atividades que tragam prazer e significado para os alunos.

Matérias utilizados para a realização das atividades

  • Papel duplex;
  • Cartolina;
  • Durex;
  • Cola;
  • Tesoura;
  • Piloto;
  • Cd de músicas infantis;
  • Letras impressas;
  • Nomes dos alunos impressos;
  • Desenhos de menina e menino impressos coloridos.

Referências:

ALVES, Djenane. Meu nome. Disponível em: < <http://matosmedeiros.blogspot.com.br/2012/07/atividades-para-trabalhar-o-nome-o.html#.VfK5-hFVhHx>. 2012. Acesso em: 01 Jul 15.

CRUVINEL, F. R.; LIMA, B.; ALVES, G. M. Como desenvolver a linguagem oral e escrita na Educação Infantil. Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, São Paulo, ano XI, nº 21 jan 2013. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/site/e/pedagogia-21-edicao-janeiro-de-2013.html#tab1042>. Acesso em: 01 Set 15.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria Educação Fundamental. Orientações Didáticas. In: Referenciais Curriculares para Educação Infantil: formação pessoal e social. V. 2. Brasília: MEC, 1998.

________. Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, MEC, 2009.

​*Data original da publicação: 11 de setembro de 2015.

Ano: 
2015