Vamos conhecer o Centro Especializado em Reabilitação (CER IV)?

Vamos conhecer o Centro Especializado em Reabilitação (CER IV)?

 

Entrevista realizada com Professora Luciana (pedagoga), do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), no dia 10 de julho de 2015, pelos bolsistas do PET Pedagogia UFBA.

11713652_706043522840563_1005907497_n

Ambrosia (bolsista): Você pode nos dar uma visão global do Centro Especializado em Reabilitação- CER?

Luciana (pedagoga): Em 2013 fomos certificados pelo ministério da saúde para sermos o Centro Especializado em Reabilitação IV. Quatro (4) por que atendem quatro (4) deficiências: auditiva, física, intelectual e visual. Antes éramos o CRPD- Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiência. Nós contávamos com esse núcleo de ambulatório e com a residência.

Hoje não atendemos mais o publico da residência, tudo virou ambulatório para melhor atendermos as 04 deficiências. Onde a parte auditiva ficou mais concentrado no Hospital, pois há a necessidade de implantes, colocação de aparelhos e reabilitação. Demandando uma infra estrutura para cirurgias, coisa que aqui não temos, mas tudo é a mesma coisa.

 Hoje contamos com os profissionais de fisioterapia, fonoaudióloga, Terapia ocupacional, pedagogia, educador físico, assistente social, psicólogo todos na parte de reabilitação. Na parte médica temos neurologista, psiquiatra, ortopedista e oftalmologista. Também contamos com neuropediatra para os pequenos.

A porta de entrada pode ser demanda livre, ou seja, cheguei e quero atendimento assim a pessoa passa pelo assistente social. Existe uma triagem, as responsáveis fazem tipo uma análise para verificar quais são as dificuldades, se tiver algum laudo elas pegam. São 3 condicionais: o psicólogo, a fisioterapeuta e a assistente social. Formando assim uma visão macro e detalhada de cada paciente, para só depois encaminha-los para os médicos necessários. Ex: Se tiver deficiência visual elas encaminham para o oftalmologista. Chega uma pessoa com deficiência física. Automaticamente são encaminhadas para o neurologista e para o ortopedista. Tudo aqui dentro. Depois de passados por eles, é que os pacientes são encaminham para nós. Ex: Se é deficiente físico, os médicos encaminham para o fisioterapeuta. Os médicos encaminham, mas mesmo assim nos dá reabilitação nos reunimos e estudamos o caso e histórico de vida médico. Fazemos todo estudo do caso e enviamos. É assim que funciona o CR4. Não sei ao certo o número exato de pessoas, mas sei que são muitos profissionais.

Ambrosia (bolsista): Vocês trabalham com estagiários?

Luciana (pedagoga): Atualmente não temos nenhum em nosso quadro, mais já tivemos uma estagiária de Pedagogia que cumpria aqui conosco o componente curricular de estágio. Como não remuneramos, preferimos esses estudantes. Mas o nosso foco não é esse, pois aqui é um centro de reabilitação e não trabalhamos com frequência conteúdos escolares. Temos muito atendimento integrado. Pedagogia com Terapia ocupacional que trabalha questões de socialização. Pedagogia com Fonoaudiologia que trabalha a parte de linguagem. Não fugimos da leitura e escrita, mas temos usuários (assim que chamamos os pacientes) que não tem essa condição, por ser maior e ter passado dessa fase. Por isso não temos um foco escolar.

Ambrosia (bolsista): E quais são os maiores problemas enfrentados por vocês?

Luciana (pedagoga): A nossa equipe ainda é mínima, isso é um problema. A outra questão ainda é espaço. Depois que abriu para ser CR4, aumentou muito o numero de pessoas que nos procuram, e a fila de espera para atendimento com profissionais de fonoaudiologia esta muito grande. E mesmo que tivéssemos outra profissional não temos sala.

Atualmente estamos abrindo atendimentos para pessoas com autismo e por termos trabalhado tanto tempo com deficiência intelectual e física somente agora estamos nos capacitando para atender essa nova demanda (Autistas).

Ambrosia (bolsista): Qual sua formação e como e quando você começou a se interessar pelo trabalho com pessoas com deficiência.

Luciana (pedagoga): (RISOS). Sou formada em Pedagogia.

Primeiro queria sair de casa, pois sou do interior e queria vim para Salvador, para trabalhar e me ofereceram uma oportunidade de trabalho com autistas e psicose.  Depois dessa oportunidade, cheguei aqui no Irmã Dulce e aqui estou a 22 anos.

Ambrosia (bolsista): Quais as principais dificuldades enfrentadas por você em sua atividade?

Luciana (pedagoga): Já tive grande dificuldade, pois antes não tínhamos uma equipe tão grande, com fonodiologo, fisioterapeuta e etc. E muita coisa eu tinha que me virar só. Mas hoje é melhor. Tem os profissionais que quando eu tenho dificuldade com alguma adaptação eu os chamo. Todo aluno que chega é um perfil novo, mesmo que seja com paralisia, que é meu grande público um é diferente do outro. E ai vai…

pc adaptado

Ambrosia (bolsista): Você trabalha com deficientes visuais?

Luciana (pedagoga): Lá no Instituto de Cegos sim.  Aqui é mais para treino de recursos.

Ambrosia (bolsista): Você tem algum aluno Surdocego?

Luciana (pedagoga): Aqui no CR4 temos, mas ele ainda não chegou no meu núcleo, esta primeiramente com a Fisioterapia e Fonodiologo.

Pranchas de comunicação

Ambrosia (bolsista): Você poderia nos dá exemplo de como esse trabalho é realizado com ela?

Luciana (pedagoga): Bom, como ela chegou tem pouco tempo. Ela foi encaminhada para analise clinica e agora ela vai colocar o aparelho auditivo. Já fizemos exames com oftalmologista para ver se ela enxerga luz e vulto e tem também a parte física com fisioterapeuta. Geralmente trabalhamos com objeto de referencia com a pessoa surdocega, contudo ela também tem paralisia cerebral grave. Como ela tem os 3 (visão, audição e movimento) canais afetados, ainda estamos estudando para saber a questão cognitiva e até que ponto podemos avançar com a mesma.

Ambrosia (bolsista): O termo tecnologias assistivas inclui dispositivos, técnicas e processos. Você poderia nos descrever quais destes elementos mais se destacam atualmente no seu trabalho com deficientes visuais?

Luciana (pedagoga): Recursos como o CCTV. Que coloca o texto para leitura e aumenta e movimenta a fonte. A função dele é para leitura de pessoas com baixa visão.

Luciana (pedagoga): mostrou aos bolsistas os dois (2) equipamentos para leitura da pessoa com baixa visão. Um trata-se de um aparelho imóvel, chamado CCTV que fica acoplado ao computador e que custa em média R$ 1500.00.  O segundo equipamento é um mouse óptico que tem a mesma função do CCTV, contudo é portátil e custa em média R$ 600,00. A professora Luciana ainda nos apresentou um programa ledor de voz NVDA para pessoa com deficiência visual, serviço encontrado na internet e gratuito.  

fotosss

Luciana (pedagoga): Aqui no CR4 não temos muitos deficientes visuais, pois existem instituições que atendem esse público (CAP, Instituto de Cegos e outros). A maioria dos usuários que atendemos com baixa visão, são idosos que fazem reabilitação, mas antes passam por uma triagem para saber a sua real necessidade. Em sua maioria recebem lupas, pois precisam de recursos para atender as necessidades do cotidiano, como ir ao mercado, ler um jornal e outros. Quando acontece de termos usuários que fazem muita leitura ou são estudantes universitários, por exemplo. Aí indicamos recursos mais caros.

Ambrosia (bolsista): Qual o primeiro passo?

Luciana (pedagoga): O primeiro passo é falar com a coordenação. O coordenador do centro, até mesmo para a gente pensar em uma quantidade de estagiários, por exemplo. Agora eu faço diversas coisas, atendimento com os pequenos, reabilitação com os idosos e os de paralisia cerebral. Quando eu não estou aqui, estou na sala de fisioterapia. Temos outras 03 pedagogas. Não dá pra encher, pois não temos espaço, mas dá pra se pensar sim em algum estagiário, pois já tivemos. É só nos organizarmos.

11733367_706043372840578_317198378_n (1)

Foto: Flávia Miola

Luciana (pedagoga): complementa com uma valiosa informação. A unidade oferece curso de formação para deficiência intelectual, autismo, paralisia cerebral e reabilitação.

Ana Paula (bolsista): Qual o meio de divulgação?

Luciana (pedagoga): Geralmente abrimos as vagas para as escolas dos alunos que atendemos. O centro envia os convites para os cursos, porém poucos comparecem, depois disso, sobrando vagas abrimos para pessoas interessadas.

 

Site do Centro Especializado em Reabilitação CRE IV

 

*Data original da publicação: 25 de janeiro de 2016

Ano: 
2016